Indo ao Encontro de si mesmo

Vi muitas coisas bonitas e diferentes, mas o que mais me impressionou foi a beleza e a sutileza do nevar. Essa mágica transformação silenciosa que geralmente inicia no escuro da força da noite, tal qual nossas genuínas conquistas no âmago de nossas almas...

Constatei que apesar de tantas diferenças tudo é muito igual, somos todos pessoas, seres humanos com suas questões e buscas, não importa a cultura, a região do planeta. Que as diferentes paisagens são apenas outros arranjos dos mesmos elementos...

Aprendi quanto tempo existe dentro de alguns poucos minutos. O quanto conseguimos fazer, entre pegar malas, descer e subir escadas, mudar de plataforma, localizar destinos nos painéis de horários e conseguir realizar a conexão certa, no tempo certo. Aprendi que mesmo quando sentimos desaparecer o chão sob nosso pés, como quando temos embaixo deles um par de esquis, tudo é uma questão de tempo e mantermos a calma e o equilíbrio, confiando que vamos conseguir...

Experimentei sensações novas como degustar vegetais e comidas diferentes que aqui não temos,  passar dias sem ter ritmo para as tarefas ou alimentação,  chegar a lugares estranhos sem compreender nada do que se falava ou estava escrito, buscando um rosto amigo. Experimentei a calma de contemplar através da janela do vagão, as paisagens idílicas que desfilavam frente meus olhos como projeções cinematográficas, bem como a louca sensação de estar mergulhada numa piscina de água termal ao ar livre com temperatura quase a 0º grau, frente à montanhas nevadas...

Vivenciei com o trabalho que fiz (enquanto estava em Salem), de autodesenvolvimento com terapia artística e conto de fadas, o resgate de partes de mim que estavam adormecidas no esquecimento protetor de antigas percepções e impressões tristes e dolorosas de infância...

Afinal, descobri que, como a maioria das pessoas, sou muito mais do que deixo parecer, que preciso me lembrar mais vezes de qual é realmente o meu desejo, onde está a força de meu Eu, despertando em meu peito coragem de o revelar para aqueles que estão a minha volta...

Com isso tudo, voltei renovada, fortalecida e encorajada a me dedicar às velhas e à novas frentes de atuação, ampliando meu estar aqui neste mundo. E por tanto, agradeço de coração a todos os que carinhosamente me desejaram força e bem aventurança para viajar, no sentido de viajar não só para chegar, mas como dizia Goethe, para viver enquanto viajamos...
Meu mais singelo e verdadeiro: muito obrigada!

Um abraço caloroso à todos!
Marisa.