Aprendendo a ler a escrita invisível

 

A estória do Corrimão

 

     “Sim, tudo depende da pergunta, quanto mais profundo perguntas, tanto mais veemente é a resposta, o gênio não fica a dever nenhuma; mas nós nos receamos de perguntar e, muito mais, de ouvir a resposta e de compreendê-la, pois isto nos custa esforço e dores; de outra maneira não aprendemos nada, de onde o tiraríamos? A quem pergunta a Deus, ele responde o divino.”                                                                                                                                                                                                           Bettina Brentano

 

 

 

        Há muito conheço este verso e há muito ele me intrigava... e eis que me brota a sensação de começar a compreendê-lo...

 

        Sempre carreguei questionamentos e muitas indagações acerca de qual seria meu verdadeiro propósito, o sentido da vida. Sim, sei... coisas que muitos se perguntam. Mas para mim, isto não vinha da “cabeça”, de modo da intelèquia filosofal, mas me brota das entranhas, num mal estar angunstiante.

 

          Ainda mais por ter recentemente, nos últimos três anos passado por mudanças “involuntárias” radicais no meu referencial de vida, tais como morte súbita de minha mãe, saudável nos seus 85 anos; processo tumultuado de divórcio “não desejado”; processo cirúrgico de histerotocmia total por carcinoma de endométrio, mesmo sendo considerada como um ponto fora da curva, segundo os critérios médicos, sempre tido uma “saúde de ferro”.

 

         ‘Voi a lá’! O que se passa?? O que está acontecendo com minha vida???!! Passei a buscar respostas em outros referenciais, que não somente processo psicoterapêutico, que eu como psicóloga clínica sempre apostei como sendo a grande resolução... Fui a Centro Espírita, fui numa aula experimental de Muai Thai (uma loucura, para uma sedentária como eu, quase enfartei ..rsrs), fiz aulas de Natação (pois tava tudo “despencando”, sendo que emagreci em poucos meses mais de dez quilos), fiz aulas de Equitação para aprender a dominar o medo, busquei Acupuntura e acompanhamento médico Antroposófico... Todas atividades que auxiliaram muito nos vários momentos de desespero!

 

          Mas o que mais me ancorou e foi me preenchendo o vazio de minha Alma, do abismo que eu havia escavado em minha vida tão certinha e rotineira de boa esposa, boa mãe, boa filha, boa isso e aquilo mais; foi a redescoberta de um livro: “Caminho de Auto-transformação – Pathwork” da Eva Pierrakos. E participar e me submeter a vivências de Constelação Familiar Sistêmica de Bert Hellinger.

 

           Novas referências de vida que se somaram a tudo o que eu já carregava em meu íntimo, ao longo da minha formação como Psicoterapeuta, tais como Formação em Terapia Relacional Sistêmica, estudos Junguianos e Goetheanísticos a partir da Formação em Biografia Humana da Antroposofia.

 

           Tudo foi se entretecendo, num admirável caleidoscópio, ampliando e mobilizando, fomentando mais e mais perguntas. E agora, quem realmente sou eu?? Como dou continuidade ao meu caminho??

 

           E neste exercício, num grande esforço de ser honesta comigo mesma, assumindo minhas mazelas e podridões, me perdoando e me aceitando. Me acolhendo, num exercício de desenvolver amor pela vida tal como ela é e pelas pessoas tais como elas são, e também por mim “talzinha” como sou; tenho aprendido a estar mais “acordada” e desenvolver coragem para acolher meu propósito!

 

           Qual o propósito de minha vida ter passado por tamanhas revira-voltas e desafios? O que faço agora comigo?

 

           Estas foram as perguntas que me levaram a encontrar uma pessoa muito especial, que conhece segredos quânticos, trabalha com Calendário Maia, Constelações Familiares e Pathwork. Ao qual cheguei por indicação de uma amiga que me disse: acho que poderás conversar com ele, pois “este fala a tua língua..,”

 

            E muito tem sido as trocas e as ajudas recebidas, que cada vez mais tenho me permitido “confiar no fluxo da vida”. Não simplesmente numa confiança cega, tal como a da criança, mas uma confiança madura; daquela que nos dá a certeza de que está tudo certo, mesmo quando não sabemos bem conscientemente o que está acontecendo ou o que estamos fazendo, mas sentimos que estamos no caminho certo! Pois começo a ler nos intervalos dos acontecimentos, as correlações fenomenológicas dos fatos ocorridos, naquilo que chamamos de meras coincidências; e que Jung tão bem nos apontou como a sincronicidade da vida, que Chopra revelou como as sete leis espirituais e Kapra reafirmou na concepção da teia invisível que tece o destino dos homens.

 

            E assim tem sido! Começo a ler a escrita do Invisível, percebendo o que vai em minha Alma. Sentindo... Estando presente no aqui e agora, sempre que consigo me isentar da barulhenta confusão dos meus pensamentos nas atribulações do dia a dia.

 

             E deste modo, me entregando humildemente, aconteceu de eu desvelar recentemente muitas coisas sobre mim. E estas revelações foram me chegando de modo, no mínimo, interessante. E é o que passo agora a contar:

 

A estória do Corrimão:

 

           Há muito eu sabia que a escada interna de minha casa, era desprovida de segurança por não contar com um corrimão. Pois mesmo tendo se passado já 18 anos, eu ainda aguardava encontrar uma pessoa para fazê-lo. Mas o fato de meu neto de 2 anos e meio, algumas vezes nos “escapar” para subí-la sozinho, fez soar o “tá na hora”. E assim facilmente encontrei a pessoa certa. E neste corrimão, fora do convencional, o artesão encontrado, um argentino de Buenos Aires que reside há muito no Brasil, que trabalha com ferro forjado, me falou do artista no qual ele se inspira para seus trabalhos, o arquiteto belga Victor Horta.

 

          Neste meio tempo, eu havia iniciado a leitura de um dos livros de Dan Brown, A Origem. Cujo enredo se desenrola inicialmente no Museu de Gugenheim, em Bilbao na Espanha e termina em Barcelona, meio à obras do grande arquiteto catalão Antoni Gaudí. E num dia, ao estar sentada no sofá da sala lendo os capítulos finais, num momento em que tiro o olhar do livro e ergo a cabeça, me deparo com a primeira parte fixada do tal corrimão, que tem em seu “desenho estrutural”, algo orgânico e com movimento, tal qual a descrição que eu acabara de ler no livro. de uma armação de ferro, numa das cenas que acontecia dentro da Casa Batló de Gaudí.

 

          Nisto me ocorreu a percepção da “coincidência” do meu corrimão e suas formas orgânicas e do meu modo de vida mais voltado à natureza e as obras de Gaudí e compreendi porque desde a primeira vez que eu vi tais obras, eu me “apaixonei”. Aquilo era eu também! Senti minha alma vibrar em alegria e contentamento... esta sou eu! Era o Universo “falando” comigo.

 

          Empolgada com o ocorrido, fui pesquisar ... Victor Horta, nada mais foi que o precursor do movimento Art Noveau na Bélgica, que tem na Espanha um de seus expoentes máximo que é Gaudí.

 

         Nossa! Tudo ganhava sentido e cada vez mais crescia a vontade de ir a Barcelona. E acabei, dois dias depois, comprando as passagens. Que para minha surpresa, a medida que ia efetivando o passo a passo da compra pela internet, mais tranquila e calma eu me sentia... Maravilha!!

 

         Mas as interrelaçoes não paravam de se revelar. No dia seguinte da compra das passagens, no encontro com meu Terapeuta ele me perguntou à quantas andava o projeto do corrimão. Iniciei a contar sobre Victor Horta, Art Noveau, Gaudi, quando de repente, fui interrompida por ele que me perguntou se eu falava francês ??!!!

 

         Ao que, respondi que havia feito algumas aulas há muito tempo atrás... ao que ele esclarece que sentiu como se eu estivesse lhe contando tudo aquilo em francês. E me pergunta se eu tinha descendência francesa. Respondi-lhe que a única coisa que se sabia era que minha avó materna tinha vindo pequenina da Argélia, uma colônia francesa.

 

         Depois de uma noite mal dormida por conta do caleidoscópio de memórias mobilizado pela busca de lembranças de nomes e informações de como era mesmo aquela estória, resolvi conversar com uma de minhas irmãs por telefone e tentar descobrir mais coisas. Com isto vim a saber que outros primos nossos, também estavam levantando informações acerca disto por conta de uns primos franceses terem feito contato e que inclusive estavam com viagem marcada para a França. “Coincidência”?!!

 

          E mais surpresa ainda eu fiquei ao ir até minha cidade natal conversar com estes primos sobre esta estória de viagem à França, foi saber que nossos bisavós não eram argelinos, mas sim franceses! De uma cidadezinha no sul da França, Ax-les-Thermes, incrustrada nos Pirineus. E que só haviam ficado sabendo disto pelo fato de que um dos nossos primos franceses de quarta geração, ter procurado pelo Google o endereço do remetente de antigas cartas guardadas, cartas estas que nosso bisavô havia escrito para seu irmão contando das novas terras aqui no Brasil.

 

          E qual não foi maior a minha surpresa ao ir olhar no mapa mundi a localização de Ax-les-Thermes e descobrir o quão próxima é de Barcelona!!! Assim acabei sendo a primeira prima brasileira a visitar os primos franceses, pois bastou pegar um trem e atravessar a fronteira próxima! Coisa que nunca imaginei.

 

          Por tanto é que me vem a impressão de estar aprendendo a ler a escrita invisível, quando percebo que minha Alma, através das minhas perguntas quanto ao meu propósito e caminho de vida, me sinaliza através de sentimentos a ir lendo as orientações que preciso. Tais como aconteceram nestas situações onde as orientações foram chegando através do meu neto, da confecção do corrimão, do Victor Horta, Art Noveau, Gaudí, desejo de ir à Barcelona, chegando até o lugar verdadeiro de meus anscestrais. E com isto tudo, resgatando parte de minha totalidade enquanto identidade, pois quando me pergunto quem sou é importante saber de onde venho, o que carrego na minha bagagem inconsciente de meus antepassados; para daí em liberdade mais consciente escolher para onde vou, o que estou fazendo afinal, qual propósito seguir.     

                                                                                                                        (M.A.)

 

 

 

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Comentarios: 1
  • #1

    Maggie (lunes, 25 febrero 2019 07:37)

    Maraaviiilhoooosoooo!Amei!

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