Retratos de Alma de lugares ímpares e de um povo ímpar!!

Bolívia: uma viagem surpreendente!

delicadeza do artesanato em Sta. Cruz de La Sierra - Bolívia
delicadeza do artesanato em Sta. Cruz de La Sierra - Bolívia

                                                       Viagem: Janeiro de 2014

  

Primeiro, pela desmistificação de uma imagem preconceituosa de minha parte, acerca deste país e seu povo. Descobri um país de surpreendentes belezas naturais, de uma geografia única; e um povo com uma beleza cultural em sua simplicidade e caráter, que me encantaram!

 

Depois, a todo momento acontecia de me sentir surpreendida, tanto pelos acontecimentos que exigiu uma remodelação da imagem feita à princípio acerca do propósito da viagem; como por tudo o que eu ia tendo a oportunidade de ver ao longo do caminho...

 

 

A ideia desta viagem pela Bolívia junto de minhas três irmãs, ocorreu de modo inesperado meio a tantos outros pensamentos que me ocorriam naquele dia...

 

Tudo acertado, tudo definido quanto ao roteiro, chegou o dia da viagem. Na ida para o Aeroporto Hercílio Luz, já minha primeira surpresa, ao pegar na bolsa meu relógio de pulso, este estava parado. Na hora lembrei-me de uma outra viagem ao Pantanal, quando no aeroporto este mesmo relógio parou e tive 'um dia daqueles'... pensei comigo mesma, qual será a surpresa desta vez ??!!

 

Chegando lá, encontrei minha irmã mais nova, que veio ao meu encontro num misto de incrédula e desapontada me falar que ao chegar no balcão para o chec-in, o atendente lhe falou que não poderia embarcar pois seu passaporte estava vencido e ela não trazia consigo sua carteira de identidade... Como ela reside em Curitiba e estava aqui em Floripa de férias, a primeira 'solução' foi ir direto para casa pegar a RG e embarcar no dia seguinte. E assim eu embarquei sozinha, pois nossas outras duas irmãs estavam embarcando em Curitiba para daí nos encontrarmos no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

 

Quando cheguei em São Paulo, minhas outras irmãs ficaram boquiabertas com a notícia que eu trazia e sem muito compreendermos o inesperado, embarcamos para nosso primeiro destino na Bolívia: Santa Cruz de la Sierra.

 

Santa Cruz de la Sierra.

 

Num clima de frustração e expectativas nos instalamos no nosso quarto de hotel, tentando conseguir notícias de como estava o andamento das coisas com nossa outra irmã, com o Tablet que minha irmã mais velha levara. Tablet novinho, presente de Natal do meu cunhado para ela, que nem e-mail tem e mal sabe lidar com computador rs, rs, rs... mas conseguimos nos conectar!! E aí recebemos a confirmação que não teria como nossa irmã mais nova ir encontrar-nos, pois além do problema com a passagem em si, a RG dela tinha data de emissão superior à dez anos. Isto era numa sexta-feira. Com o quê: sem chance de se conseguir algo em tempo hábil...

 

Inconformadas, tristes e desoladas pela notícia, tivemos uma 'baita sessão chororô' naquela noite. Mas noutro dia, tratamos de irmos nos adaptando com a ideia de que a tão sonhada viagem das quatro irmãs, se daria somente com as três irmas mais velhas e fomos dar uma passeada por Santa Cruz de la Sierra.

 

Santa Cruz ainda fica somente à 416m acima do nível do mar, quase numa continuação do nosso pantanal matogrossense. Um calor exasperador... mas gostamos do que vimos na praça central, apesar de ser uma cidade bem 'abrasileirada', na música e costumes.

 

 *(se clicar sobre as fotos, estas se ampliam e há legendas com alguns comentários elucidativos)

 

 

Nuestra Señora de La Paz.

 

Dia seguinte seguimos para Nuestra Señora de La Paz. A primeira surpresa foi o frio (8 graus pleno janeiro) e a chuva. Depois foi o trânsito da Ciudad de El Alto (onde fica o aeroporto), praticamente só de Vans, numa confusão tremenda à 4.000 metros de altitude. Passado isto, pegamos uma rodovia por uns 12 Km só de descida, até o centro antigo de La Paz (3.600m), a qual continua ainda só descendo até a parte sul, que é a parte rica da cidade, mais moderna.

 

La Paz é uma cidade grande meio à montanhas, com muitas pessoas pelas ruas, misturando o antigo e o moderno, seja nas construções como nas vestimentas das pessoas. Muitos ônibus antigos, muitas Vans, com os 'cobradores' gritando pela janela o destino de cada condução, num grande vai e vem. Várias 'banquinhas' vendendo de tudo e mais um pouco, além das lojinhas convencionais com artigos de confecções regionais. As pessoas almoçando pela rua, a comida comprada em uma esquina qualquer, de alguma "Chola" (mulher boliviana em suas vestimentas típicas), que ali ao ar livre na beirada da calçada, expõe seus assados, arroz e alguma salada. Ou comprando pães para levar para casa de outras "Cholas" com seus enormes cestos de pães e empanadas meio às calçadas. Mas tudo muito asseado, apesar do 'caos' reinante. Um grande caleidoscópio colorido!

 

 

Meio a tantas coisas diferentes, depois de muito andar e procurar pelo tal "mercado das Brujas", é que nos demos conta que mercado, queria dizer local de vendas, i. é. comércio, e que já estávamos andando pelas ruas onde fica o comércio das 'curandeiras' com suas ervas e folhas de coca, além de outros produtos, como uma espécie de esqueletos de 'bebês-lhama" para certos rituais.

 

É que estávamos procurando pelas tais folhas de coca, pois o tal mal da altitude, o Soroche, não é lenda não. Nos dois primeiros dias fiquei meio enjoada, depois de vez em quando vinha uma dorzinha de cabeça, além do imenso desconforto da falta de fôlego quando se andava um pouco mais rápido, ou subia-se escadas ou alguma ladeira. E em La Paz, sair na rua é subir ou descer, não tem jeito... Então o negócio era mascar as tais folhas, pois só o mate de coca não tava dando conta.

 

Compradas as tais folhas e alguns 'recuerdos' típicos, passamos a procurar uma agência de turismo para comprar alguns passeios. Encontramos uma agência de turismo comunitário, a Tusoco, bem interessante, com um trabalho junto à várias comunidades espalhadas pelo país. Lá compramos o passeio à Tiwanacu, um outro passeio à uma das montanhas próximas com 5.200m de altitude e nossas passagens de ônibus para irmos até o Salar de Uyuni, dali à dois dias.

 

 Meio à isto tudo, constantemente vinha-nos à lembrança, nossa querida irmã mais nova e nos perguntávamos como ela estaria sentindo-se com toda aquela situação de não ter podido estar ali conosco. Apesar da internet local não ser das melhores, e nem nossa habilidade em lidar com o Tablet, enviamos e-mail comentando o quanto ela estava fazendo falta, com suas brincadeiras e constante bom humor...

 

 

Tiwanacu

 

 Um importante sítio arqueológico pré colombiano.

 

Confesso que nosso primeiro passeio foi meio decepcionante... é que as fotos e os comentários acerca de Tiwanacu, nos deixaram com uma expectativa não muito correspondida. Ou talvez por estarmos ainda muito inconformadas por não estarmos as quatro irmãs ali juntas... Bem, o fato foi que não nos empolgamos muito com este passeio, o que achamos mais interessante foi saber da grande sabedoria com a agricultura daqueles povos.

 

 

Chacaltaya

 

Contudo, no dia seguinte em que fomos até Chacaltaya, a grande montanha que é um pico da Cordilheira dos Andes de 5 421 m de altitude, onde antigamente chegou até a funcionar uma estação de esqui, foi super emocionante! Amanheceu chovendo e frio, e à medida em que subíamos a estradinha escorregadia e íngreme numa Van, com mais outros nove jovens, aconteceu de além da temperatura cair mais um pouco, a chuvinha fina ir virando chuva de gelo, meio neve.

 

Próximo do ponto de parada, na antiga estação de esqui, havia bastante neve no chão. Descemos para contemplar o local e para aqueles que quisessem se aventurar ainda mais, pudessem subir à pé junto com o guia, até mais no topo da montanha.

 

 

Vale de La Luna

 

Neste mesmo dia ainda, na volta, o passeio seguia até o Vale de La Luna. Um lugar insólito, surpreendente na sua beleza singular.

 

Descemos dos 5.000 m do Chacaltaya, passamos pelo centro antigo da cidade de La Paz à 3.600m e seguimos descendo pela parte sul da cidade, que surpreendentemente ia como que se desdobrando ante nossos olhos, descendo sempre, até 3.200m onde fica esta localidade argilosa e de característica sui gêneris. Muito curioso!! Ficamos encantadas pelo inesperado cenário e pela beleza contrastante, com o que tínhamos visto no alto da montanha!

 

 

 

 

Salar de Uyuni

 

 

No outro dia,seguimos à noite, numa viagem de 11 horas, até a cidade de Uyuni, no sudoeste da Bolívia, divisa com o Deserto de Atacama do Chile.

A viagem num Bus Turístico, com janta e café da manhã, já começou com atraso de quase uma hora, pois o ônibus não conseguia descer até o Terminal de Buses, pois estava preso no trânsito lá encima da Ciudade de El Alto, próximo do aeroporto. Serviram a janta no próprio escritório da empresa, a Todo Turismo, enquanto aguardávamos.

As primeiras horas de viagem até que foi razoável, enquanto a estrada era asfaltada até próximo de Oruro. Depois disto as outras sete horas de viagem foi em estrada de terra, que fora os 'saculejos' típicos, tinha vários desvios devido à obras para um provável asfaltamento futuro. 'Noite interminável....' mas enfim chegamos sãs e salvas rs, rs, rs...

 

Uyuni é uma pequena cidade que vive praticamente pelo turismo no Salar e na região de deserto que se segue. Uma região muito procurada por turistas do mundo todo, principalmente por europeus e por muitos jovens em busca de aventuras. É que além de sua beleza única,  praticamente só poder ser visitada em tours de dois ou mais dias, com 'jeeps' 4X4 com motoristas/guias locais, já que a maioria das 'estradas' são meio que 'criadas' pelos próprios motoristas, à medida que escolhem ir por aqui ou por ali no meio do 'nada'. Sim, uma aventura!

 

Logo que chegamos, uma mocinha da agência de turismo da qual contratamos o 'tour', a Expediciones Empexsa, nos conduziu à pé por entre as ruelas da pequena cidade, por umas três ou quatro quadras, sem se importar muito com nossas malas enroscando as rodinhas aqui e ali... ela só olhava para trás para ver se estávamos senguindo-a e lá fomos nós..., pois já chegamos com atraso devido nosso Bus.

 

A tal agência ficava numa sala minúscula, que estava cheia de malas e mochilas, e de gente preenchendo fichas, numa confusão tamanha de espanhol, inglês e etc e tal... Ainda bem que logo nos chamaram e indicaram um dos 'jeeps' ( na verdade um Toyota mais antiguinho de 7 lugares) onde já estavem outras tres mulheres e o motorista conversando e colocando as malas no teto do carro, junto dos tambores de combustível extra, para nossa excursão de tres dias.

 

Já dentro do 'jeep', fomos nos apresentando umas às outras, onde ficamos sabendo que nossas novas 'companheiras de aventura', outras três senhoras como nós, eram duas delas, suíças-francesas, amigas do tempo de colégio, sendo que uma delas reside na Bolívia há dezesseis anos e a outra veio visitá-la para passearem juntas. E a terceira é de uma colônia francesa, Ilha de Reunion, uma pequena ilha próxima do lado leste da Ilha de Madagascar / África. Perfeito!

 

Logo nos entrosamos numa mistura de português, francês e espanhol. O que foi ótimo! Pois a partir dali iríamos rodar 900 kilômetros, para ver e apreciar todas aquelas maravilhas, que foram se revelando dia a dia ante nossos olhos.

 

 

 

 

Salar de Uyuni - Tour Clássico de 3 dias.

 

Primeiro dia - Nossa primeira parada, junto com tantos outros grupos de turistas, foi já próximo da cidadezinha de Uyuni no tal Cemitério de Trens

Depois dali nos dirigimos ao Salar propriamente dito. O Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do mundo. Está localizado no departamento de Potosí e no departamento de Oruro, no sudoeste da Bolívia, no altiplano andino, a 3.650m de altitude.

 

O Salar de Uyuni tem aproximadamente 10582 km² de área,ou seja, é maior que o Lago Titicaca que apresenta aproximadamente 8300 km².

 

No início de novembro, quando começa o verão, é lar de três espécies sul-americanas de flamingos o chileno, o andino e o flamingo de James. Os flamingos aparecem no verão pois é quando se inicia o período de chuvas e também quando acontece o descongelamento das geleiras nos Andes que deixa o deserto de sal coberto de água, tornando-o um imenso lago com profundidade média de 30 cm.

 

Nesse período, ele parece um enorme espelho que se confunde no horizonte com o céu, de um efeito belíssimo, que muito nos encantou. Com isso os passeios ficam restritos a algumas áreas. Contudo, apesar das chuvas frequentes daquelas últimas semanas, pudemos ainda entrar um pouco até um local onde havia menos água e estavam preparando um local de recepção ao pessoal que estava participando do Rally Dakar, que chegariam à Uyuni dali à quatro dias.

Fizemos nosso primeiro almoço meio ao Salar, onde comemos quinoa, carne de lhama, salada e de sobremesa pedaços de mamão. As refeições todas que faríamos ao longo daqueles três dias, foram previamente preparadas pela esposa de nosso condutor, a qual se revelou uma ótima cozinheira, pois comemos sempre muito bem, mesmo que por vezes meio no 'improviso' das instalações rs, rs, rs...

 

Depois de comermos e ficar ali comtemplando aquela paisagem 'surreal' sem nos cansarmos, seguimos viagem, pois o roteiro habitual, por causa do excesso das chuvas, teve que ser remodelado e nos exigiria fazer um percurso maior até chegarmos onde se daria o prosseguimento do roteiro. E com isto ficamos sem poder visitar a chamada Ilha de Pescados, no meio do salar onde há os cactos gigantes, pois a lâmina d'água sobre o salar não permitia que os veículos trafegassem por lá. Uma pena!

 

 

Depois de viajarmos por horas pelo altiplno andino onde vimos Lhamas com o salar ao fundo, chegamos no 'alojamento' da "Hospedagem El Barroco" onde jantamos e dormirmos após 'conseguirmos' tomar banho.É que logo chegaram outros 3 'jeeps' (cada qual com 6 passageiros mais o condutor) e tinha-se apenas um lugar com chuveiro (para homens e mulheres) com uma cortina de plástico como porta; ao lado de uma pia e outros 2 espaços com vasos sanitários, 'iluminados' por uma única mísera lâmpada e ainda sem ter onde deixar a roupa seca... Bem descobrimos que conseguimos fazer coisas mirabolantes quando se faz necessário... menos conseguir não ter ainda que pagar $10 bolivianos pelo banho quente!

 

Segundo dia -Tour Salar de Uyuni e as Lagunas de Colores

 

Amanheceu um dia lindo de céu completamente azul! Pedimos para dar uma passeadinha pelo povoado dali,  de onde pudemos comtemplar parte da linda paisagem e ver um antigo costume de cada casa ter um pequena cruz no meio do telhado, visto tratar-se de um povo muito religioso e místico.

 

Seguimos viagem até uma das primeira 'lagunas' a serem vistas, a Laguna Cañapa e depois até um local da onde era possível ver de longe o Vulcão Ollague ainda ativo, deu até para ver uma fumacinha...

 

Depois, seguimos outro trecho até chegar na Laguna Hedionda, onde havia vários flamingos, num lugar belíssimo, circundado ao longe por motanhas nevadas.

 

 

 

Continuamos o percurso até outra lagoa, a Laguna Honda de um azul claro sem igual! Lá almoçamos charmosamente nosso almoço de pollo (frango) assado, massa e salada, com uma macã de sobremesa. Alimentos para o corpo e alma!

 

Depois seguimos pelo Pampa de Siloli (Deserto de Siloli) passando pela famosa formação rochosa em forma de árvore, a Árbol de Piedra, muito linda!

 

Depois de passarmos no final de tarde pela Laguna Colorada, principal local de reprodução dos flamingos e entrada do Parque  nos alojamos num local próximo, quase nos mesmos moldes do outro 'alojamento', onde no jantar de massa, ganhamos uma garrafa de vinho local, que foi muito bem apreciada principalmente pela 'francesas' rs, rs, rs... Dormimos depois que foi uma beleza... pois apesar do calor do dia de deserto, à noite dormíamos com uns três cobertores para não passarmos frio...

 

Mas antes de irmos dormir, como no dia seguinte era dia de aniversário de nossa irmã mais velha, pegamos nossas lanternas, e apesar do frio, fomos lá fora olhar as estrelas... estava a coisa mais linda, parecia que daria para pegar com as mãos... Foi muito legal 'brincarmos' de roda, as três, cantando a musiquinha: 'com a minha lanterna' (das escolas Waldorf). Uma imagem que me ficou viva na lembrança daquela noite tão especial !!

 

 

Terceiro dia - Tour Salar de Uyuni e Lagunas de Colores

 

Acordamos no dia seguinte bem cedinho, às 4h30 para irmos logo ao amanhecer ver o "Sol de Mañana", uma zona vulcânica que conta com geiseres. Seguindo depois até águas termais, onde poderia tomar-se banho, numa pequena piscina de água termal natural.

 

 

 

 

Deixando os geiseres, fomos para as águas termais e depois até Laguna Verde e o Volcán Licancabur.

 

 

 

 

Almoçamos num refúgio para turistas e depois, agora já de regresso à Uyuni, ainda vimos a Laguna Negra e a comunidade de Quetena Chico, onde passamos pelas zonas húmidas e pudemos ver um grande número de fauna andina, de lhamas e alpacas.

 

 

 

 

Seguimos a viagem de regresso, parando uma última vez no Vale das Pedras, um bonito lugar com formas rochosas enormes, onde fizemos nossa foto histórica junto de nosso condutor e o grupo das seis desprendidas e corajosas mulheres.

 

 

 

Chegando de volta à Uyuni, nem conseguimos chegar até o escritório de nossa agência de turismo. A pequena cidade estava 'tomada' pelo agito dos preparativos para a chegada do Rally Dakar no dia seguinte. Fomos direto para o escritório de nosso Bus e viajamos novamente a noite toda de volta até La Paz, onde prosseguiríamos viagem por mais três horas e meia até Nuestra Señora de Copacabana, ribeirinha do Lago Titicaca.

 

 

 

La Paz - Nuestra Señora de Copacabana - Lago Titicaca

 


Amanhecendo no Terminal de Buses em La Paz, ainda teríamos de nos deslocar até outro terminal de ônibus, onde sairia o ônibus local para Copacabana. Depois de outra 'noite daquelas'... sem ter tomado banho antes de viajar, estávamos 'amarrotadas'... Nisto um motorista de Táxi nos 'assediou' , oferecendo uma corrida até Copacabana por 'módicos' $100,00 dólares... Ai,ai.. a carne é fraca mesmo...

No início achamos um absurdo o valor proposto, depois por 'módicos' $80,00 dólares, topamos a empreitada... e lá fomos as três 'madames' para Copacabana... de Táxi !!

 

O caminho, uma estrada toda asfaltada, já nos surpreendeu pela beleza da paisagem. Depois fomos surprendidas com uma travessia de balsa para a pequena cidade de Quetina e com as "Cholas" que ficam ali vendendo as flores para se levar para a Nossa Senhora de Copacabana.

 

Chegando à Nuestra Señora de Copacabana, fomos logo surpreendidas com vários carros enfeitados com muito capricho com flores, parados numa espécie de fila, próximos da Basílica de Nossa Senhora de Copacabana, que nos deixou muito curiosas. Perguntamos ao nosso condutor do Táxi e ele nos contou que estavam ali para receberem do Padre, a benção protetora da Santa, para que nenhum infortúnio lhes acontecesse. E para tal enfeitam os carros, de modo a homenagear e demostrarem o respeito devotado à Nuestra Señora. Com isto conferem um alegre e colorido movimento nas ruas próximas da Praça em frente à Basílica.

 

 

Como a internet do Hotel era péssima, fomos procurar no centrinho da cidade uma Lan House, para nos comunicarmos com os familiares e contar que havíamos sobrevivido ao Tour no Salar de Uyuni. Foi onde obtivemos resposta de nossa irmã mais nova, contando que também estava muito inconformada e triste, mas que era para nós aproveitarmos o máximo para contar à ela depois. Isto nos deixou num misto de tristeza e alegria, mas do seu jeitinho brincalhão ela conseguiu nos deixar menos angustiadas...

 

Próximo da Lan House, encontramos também por ali, uma agência de turismo comunitário e lá compramos nossos passeios ao redor do Lago Titicaca: Sahuiña, Sampaya, Isla del Sol e Isla de La Luna.

 


Sahuiña - Lago Titicaca

 


Em Sahuiña fizemos um passeio pela comunidade com um guia local e passeamos pelo Lago Titicaca até um observatório de rãs. As quais, muito pouco conseguimos ver. Mas o passeio valeu a pena pela comunidade e suas plantações de batata, aveia, e uma espécie de mandioca. E o mais legal foi o passeio de barco pelo lago, que eu ainda tive a 'sorte' de poder ir num pequeno barco feito de totora, sentindo-me como a rainha do Nilo pleno Lago Titicaca, rs, rs, rs...

 

 

Sampaya - comunidade aymara

 

No outro dia fomos passear na comunidade de Sampaya, uma comunidade que ainda conserva seus antigos costumes e tradições. As casas feitas com paredes de pedras e telhados de palha. Vivem do que ali plantam nos antigos terraços do tempo dos incas.

 

O curioso foi que ao perguntarmos ao guia, um homem pertencente à comunidade que mal fazia ideia do tamanho do Brasil, quanto tempo ainda tínhamos de trilha, ele levou a mão no bolso dianteiro da calça e tirou um celular para ver que horas eram... É, até lá...

 

Noutro dia fizemos nosso passeio pelo Lago Titicaca, até as Islas de La Luna e del Sol.

 

Foi um bonito dia de sol, porém um tanto cansativo, pois o Lago Titicaca é realmente muito grande  e para chegar até às ilhas levamos quase duas horas de barco... Contudo valeu à pena! 

 

Nos nossos dois últimos dias em Copacabana ainda tivemos algumas surpresas...

 

Descobrimos haver no pico mais alto do lado esquerdo da baía de Copacabana um Calvário, que minha segunda irmã mais velha 'cismou' de subir, dizendo que iríamos só até onde nosso fôlego aguentasse.. e não é que conseguimos subir até lá em cima??!!  E valeu o 'sacrifício', a vista é surpreendente!!!

 

Bem, chegou o dia de fazermos as malas e começarmos a voltar para casa...

 

E naquela manhã, depois da forte chuva do final de dia e noite anterior, fomos surpreendidas mais de uma vez...

 

Primeiro foi a vista da porta do Hotel, ao sairmos, dos montes próximos nevados, onde lá trás fica a Cordilheira dos Andes

 

 

Depois, foi o valor da passagem do ônibus local, de Copacabana até La Paz: $20,00 bolivianos +/- $3,50 dólares, praticamente $11,00 dólares para nós 3.... Pois é... e o ônibus nem era tão ruim assim...

 

Na estrada tivemos a surpresa de vermos neve também, bem próximo de Copacabana.

 

E chegando em Quetina, para passarmos pela balsa, tivemos que descer do ônibus e ir para o outro lado, numa pequena lancha e aguardar lá do outro lado pelo ônibus que seguiria por uma balsa. Aí os passageiros chegam muito mais rápido do outro lado e ficam com tempo para fazerem algum lanche ou alguma outra coisa. Sendo que uma das possibilidades é as pessoas com seus familiares, aproveitarem para bater uma foto, com um fotógrafo profissional, que tem lá preparado um 'estúdio' ao ar livre com um 'cenário épico' com lhamas e bancos de totora. Muito legal!

 

A nosso pedido, o condutor do ônibus nos deixou antes, próximo do Aeroporto, meio àquele trânsito estonteante de Vans da Ciudad de El Alto. Pegamos um táxi em seguida e fomos para pegar nosso vôo para Santa Cruz de La Sierra, da onde no dia seguinte seguiríamos para o Aeroporto Internacional de Guarulhos. No painel indicativo dos vôos, vimos que a temperatura naquela manhã, marcava 6 graus apenas em La Paz e em Santa Cruz meros 26 graus...

 

Mas além do calor, que nos aguardava, outras coisas se revelaram 'quentes' para nós em Santa Cruz de La Sierra.

 

Como havíamos mudado nossas reservas de Hotel, já que estávamos só em três, em Santa Cruz procuramos algo mais em conta, pois final de viagem geralmente é sinônimo de final de dinheiro... Pegamos um táxi e demos o endereço do Hostel Los Aventureiros, onde naquele dia na Lan House em Copacabana fizemos uma reserva. O qual já foi difícil de achar... mas o pior é que o senhor, um alemão que mora há 40 anos lá e ainda fala mal do povo boliviano, e era o dono do Hostel, dizia que não havia nenhuma reserva...e não dispunha mais de quartos livres... E aí???!!!

 

Acabamos sendo nós as 'las aventureiras' indo parar num quarto/barraca na garagem do Hostel... rs, rs, rs... pelo menos não ficamos ao relento e com isto pagamos mais barato! O que foi muito bom, pois o mesmo senhor, fez questão de nos 'alertar' que teríamos ainda de pagar no Aeroporto Internacional de Viru Viru, uma taxa de embarque de $25,00 dólares cada uma! Que para nós foi o maior susto! Ainda bem que havia uma 'santa reservinha $ técnica', sempre muito importante para um viajante não se meter em apuros....

 

Pois é... isto foi a Bolívia para nós!

 

Uma Bolívia rica em generosidades de sua beleza natural e hospitaleira no seu povo honesto e trabalhador, que muito nos ensinou a estarmos abertas aos acontecimentos, a termos a alegria de deixarmos nos surpreender positivamente todos os dias. E com isto transformarmos, apesar da tristeza de não estarmos juntas as quatro irmãs, esta viagem surpreendente, numa viagem inesquecível!!

 

 

 

 

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Comentarios: 1
  • #1

    Maggie (jueves, 14 marzo 2019 16:52)

    Que oportunidade não perdida!Parabéns!Viajei junto!

Paraty - RJ / Brasil
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Arroio Caracol - Canela - RS / Brasil
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